Onde está escrito, na Constituição ou em qualquer lei, que é proibido duvidar do bom funcionamento do sistema de votação e de apuração dos votos? Em lugar nenhum.
processo do ex-presidente Jair Bolsonaro, aberto na quinta-feira, dia 22 de junho, e a ser retomado na terça, dia 27, leva a uma pergunta básica: o que ele fez de errado, ou ilegal, para justificar que o Comissariado Supremo de Controle das Eleições, ou TSE, possa cassar os seus direitos políticos e proibir 140 milhões de eleitores brasileiros de votarem nele nas próximas eleições? A resposta é muito simples: nada. Nada mesmo? Sim, é exatamente isso: nada mesmo. Em nenhum momento, ao longo de toda essa história, Bolsonaro esteve diante de um processo judicial verdadeiro, como se faz em qualquer democracia decente — onde o acusado é inocente até que o acusador prove a sua acusação, e as provas têm de manter um mínimo de relação objetiva com os fatos. Ele esteve condenado a ser “inelegível” antes mesmo que o processo fosse aberto; não foi levado a um tribunal de Justiça, e sim a um pelotão de fuzilamento. Nunca houve a menor intenção de aplicar a lei, ou de agir de maneira imparcial. Seu caso não tem nada a ver com a legislação em vigor no Brasil, ou com seus direitos constitucionais. Tem tudo a ver com política, e só com política — é muito simplesmente a execução, por parte de quem tem a força bruta, de um inimigo considerado incômodo. Bolsonaro é de direita, e no Brasil de hoje isso é ilegal para o alto Poder Judiciário — sobretudo quando, pelas contas dos próprios comissários do TSE, o homem de direita tem o voto de quase 50% dos eleitores, como o ex-presidente teve nas últimas eleições.
Fonte:- Revista Oeste.